Coluna Kaze – julho de 2017
Hoje eu gostaria de falar a respeito
da relação entre “pai e filho”, “marido e mulher” e “irmãos”.
O que irei falar, na realidade, é
apenas uma de minhas conclusões a que cheguei através de várias reflexões.
Contudo, considero este assunto muito importante, e espero que isso possa
servir de ajuda para a reflexão dos senhores.
De acordo com o ensinamento da origem,
conforme a conversa entre Tsuki-sama (Lua) e Hi-sama (Sol), foram chamados primeiramente
um sirênio e uma cobra branca para fazer destes o modelo de casal. O espírito
de Tsuki-sama e Hi-sama foram depositados neste modelo de casal
(Izanagui-no-mikoto e Izanami-no-mikoto, respectivamente) e, ensinando-lhes a
providência da criação dos seres humanos, fez conceber no ventre da Izanami-no-mikoto
novecentos milhões, noventa e nove mil, novecentos e noventa e nove filhos em
três noites. Depois disso, ela permaneceu neste lugar por três anos e três
meses e, finalmente, despendendo setenta e cinco dias, deu à luz tantos filhos quanto
o número concebido. Até aqui, já há três tipos de relações entre os humanos.
Primeiro, é a relação entre “marido e
mulher”. Na segunda seção dos hinos sagrados, temos: “modelando pela terra e céu do mundo, eu tenho criado marido e mulher.
Isto é o princípio deste mundo.” Como podemos observar, para a criação dos
seres humanos, primeiramente foi criado o casal, marido e mulher.
Em segundo, temos a relação de “pai e
filho”, que surge entre o modelo de casal e os humanos que foram por eles
concebidos. Se observarmos que Tsuki-sama e Hi-sama “entraram” nos corpos do
primeiro modelo de casal, podemos dizer que a relação entre Tsukihi, Deus
Parens, e os humanos é uma relação de “pai e filho”.
Em terceiro, temos a relação entre
“irmãos”. Como os novecentos milhões, noventa e nove mil, novecentos e noventa
e nove filhos nasceram dos mesmos pais, todos são irmãos.
Essas relações, herdadas a nós até
hoje, são as relações mais básicas entre os humanos, e difere de outros tipos,
tais como a relação entre amigos, professor e aluno, patrão e empregado, etc.
São relações criadas por Deus Parens a fim de nos fazer alcançar a vida plena
de alegria e felicidade.
Isso é a razão do céu e, por isso, não
podemos ignorá-la, pois há um significado extremamente importante a respeito
dessas relações. No Ofudessaki,
temos:
Mesmo entre pais e filhos, marido e mulher
ou entre irmãos,
os espíritos são diferentes um do outro. Of. V-8
Mesmo no Ofudessaki, vemos uma referência a estas três relações, “pai e filho”,
“marido e mulher” e “irmãos”.
Atualmente, a harmonia entre pais e
filhos, casais e irmãos está se rompendo e, por isso, há inúmeras pessoas
sofrendo neste mundo. Essa harmonia é tão importante que podemos dizer que ela
é uma condição para atingir a vida plena de alegria e, se essas relações se
tornarem ruins, isso pode acarretar em diversos tipos de doenças ou problemas
circunstanciais.
Recentemente, a quantidade de pessoas
sofrendo por questões matrimoniais, como o divórcio, vem aumentando, e uma das
razões a que podemos atribuir a isto é a “diferença no modo de pensar”.
Como foi dito no verso do Ofudessaki anteriormente citado, mesmo que
haja a ligação sanguínea entre pai e filho, ou que seja grande o amor entre o
casal, ou que os irmãos compartilhem do mesmo sangue, todos têm um espírito
diferente e, por isso, é natural que seus pensamentos também sejam diferentes. Assim,
a partir do momento em que o indivíduo passa a achar que sua opinião é sempre
certa, surge o “senso do certo e errado”. Frases como “isso que é o normal”, “é
obvio que é assim” surgem disso. Se esse “senso de certo e errado” sair do
controle, manifestam-se pensamentos como “isso é falta de educação”, “devemos
puni-lo” e, no fim, isso se torna a semente do conflito.
Porém, o senso do que é certo ou
errado, do que é normal ou não, varia de pessoa para pessoa e, portanto, não
podemos dizer que é algo em que todos do mundo possam entrar em acordo. A única
coisa absoluta é o amor parental de Deus Parens e Oyassama em desejar a
felicidade de seus filhos. Assim sendo, é fundamental o nosso esforço em
mudarmos nossa mente e espírito. Deve haver sempre o diálogo entre pai e filho,
casal e irmãos visando o entendimento mútuo. A ausência desse esforço
acarretará em conflitos de pensamentos e, de maneira alguma, conseguiremos ter
harmonia.
Em minha opinião, para mantermos a
harmonia entre “pais e filhos”, devemos ser cautelosos quanto à “razão da
ordem”. Os pais vão à frente e os filhos seguem atrás. Se não seguirmos essa
ordem, a harmonia deste mundo, determinada pela razão do céu, ficará
desestruturada. Se tomarmos como exemplo a estrutura de uma árvore, os pais são
as raízes. Por mais que cuidemos dos galhos e das folhagens, dando-lhes muita
água e adubo, se não houver a raiz, não há como as mesmas florescerem, não é
mesmo? Se desejarmos que a árvore floresça, devemos cuidar muito bem das
raízes.
Acredito que, para mantermos a
harmonia entre o casal, devemos cuidar e respeitar a “razão de dois em um”. Se
pensarmos que a origem consiste no casal, que é a razão de dois em um entre o
sol e a lua e entre o céu e a terra, podemos refletir que, para se manter a
harmonia, nós, os casais, também precisamos ser dois em um. Ainda, acredito que
um casal ser dois em um significa ambos terem o mesmo pensamento ou ambos
estarem em sintonia, por mais distinto que seja o papel de cada um. Por
exemplo, mesmo que a relação não seja tão boa entre dois comediantes que
trabalham juntos, se os dois pelo menos compartilharem das mesmas ideias e
objetivos, conseguirão executar uma excelente apresentação. Porém, se seus
pensamentos e atitudes com relação à peça se divergirem, não haverá como dar
continuidade às apresentações. Da mesma maneira, é muito importante o esforço
do casal em conciliar seus pensamentos com as do parceiro através do diálogo e
da troca de ideias. Se não fizerem isso e apenas entrarem em conflito no modo
de pensar e no senso do que é correto ou não, de nenhum modo se conseguirá
manter a harmonia.
Na relação entre “irmãos”, devemos ter
cautela quanto ao “tratamento (desigual)”. O desejo de Deus Parens e Oyassama é
que todas as pessoas do mundo abram os olhos para a verdade de que todos somos
irmãos, e que todos convivamos harmoniosamente salvando-nos uns aos outros. Por
esse motivo, se houver desigualdade quanto ao tratamento para com os irmãos
consanguíneos ou aqueles ligados pela predestinação, nosso Pai se entristecerá.
A harmonia é alcançada quando eliminarmos este preconceito de nossos corações e
passarmos a viver salvando uns aos outros.
Acredito que, se pararmos para
refletir desta maneira, conseguiremos notar que ainda há muita desarmonia. Se
colocarmos no nosso íntimo o ensinamento de que a dedicação filial e a harmonia
entre o casal estão em primeiro lugar, perceberemos também a existência de várias
igrejas que recebem graças maravilhosas de Deus Parens. Portanto, devemos tomar
muito cuidado quanto à harmonia entre “pai e filho”, “marido e mulher” e
“irmãos”. Caso essa harmonia seja desfeita, devemos dar o nosso máximo para recuperá-la
de volta.
Dessa maneira, as relações entre “pai
e filho”, “marido e mulher” e “irmãos” são, em outras palavras, a “razão do
céu”, e jamais podemos ignorar este fato. É um assunto bastante difícil, que não
pode ser resolvido de uma vez, existindo muitas pessoas que dizem ser uma “tarefa
para toda a vida”. Eu ainda sou uma pessoa com muito pouca experiência na vida
e no caminho da salvação, portanto, não me encontro à altura de dar conselhos
aos senhores. Porém, se houver alguém que já esteja enfrentando problemas devido
à desarmonia ao seu redor, gostaria de sugerir que, primeiramente, tomassem o
costume de dizer “graças a...”. Essas poucas palavras podem se transformar em
uma expressão mágica. “Graças a Deus e aos meus pais que eu existo”. “Graças
aos meus pais, tive uma boa criação e pude ir à escola”. “Graças aos meus pais
e à minha esposa, que cuidam da igreja, posso sair para a divulgação”. “Graças
ao suporte dos senhores, conseguimos realizar diversas coisas que o condutor da
igreja não conseguiria sozinho”. Etc. Gostaria que os senhores pensassem naquilo
que seja graças ao casal, aos pais e filhos e aos irmãos e passassem a utilizar
em seu cotidiano essas simples palavras de retribuição.
Se o filho disser “graças aos meus
pais”, os pais, os quais fazem de tudo pelo filho, irão certamente se sentir
retribuídos. Se o marido disser “graças à minha esposa”, o espírito sincero de
quem trabalha incansavelmente será recompensado. Se a esposa disser “graças ao
meu marido”, o esforço dele, que trabalha duro pela família, será recompensado.
Se ouvirmos “graças ao meu irmão”, com certeza nos sentiremos retribuídos por
termos nos esforçado pelo nosso irmão. É importante devolvermos o favor às
pessoas ao nosso redor. Através da gratidão, fortificamos o laço que nos une ao
próximo. Na Escritura Divina, temos:
Tornar-se
casal também é predestinação, tornar-se pais e filhos também é predestinação.
Para toda e qualquer coisa, não é possível se não houver predestinação.
Tornando-se casal, pais e filhos, compreendam bem esse meio.
(26 de março de 1901, noite)
Vejam
a predestinação do casal e passem os dias, a predestinação que deve ser vista e
trilhada. Ouçam bem, ouçam bem.
(22 de março de 1891)
Como descrito acima, o casal e os pais
e filhos são formados através da predestinação. Ainda, é nos ensinado que a
pessoa que nos foi trazida, através de nossa predestinação, é como o nosso
reflexo no espelho. Por exemplo: se olharmos para o nosso reflexo no espelho e
notarmos uma sujeira em nosso rosto, não limparemos o vidro, certo? É nosso
próprio rosto que está sujo, logo, é necessário o próprio esforço para limpar o
rosto. Da mesma maneira, se desejar que a pessoa à sua frente mude, o primeiro
passo é se empenhar para mudar a si mesmo, e não a outra pessoa. Este é o caminho
da salvação.
As relações entre “marido e mulher”, “pais
e filhos” e “irmãos” são determinadas pela razão do céu e, portanto, não há
como fugir disso. Se passarem a refletir tomando isso como base para vida plena
de alegria e da salvação, pode ser que sejam contemplados com a graça de uma
inesperada bênção.
Como já mencionei anteriormente, esta
é apenas uma de minhas conclusões a que cheguei através de várias reflexões.
Porém, espero que, daqui em diante, isso possa servir de ajuda para o maior
número possível de pessoas.
Finalmente, para este ano,
determinamos também o mês de julho como “o mês da dedicação máxima”. Assim,
desejo que nos esforcemos tanto na “dedicação e condução” como na “divulgação e
salvação”, e peço que todos os senhores deem o máximo de si com o espírito
sincero.
Muito obrigado.
Rev. Yoshimassa Shimizu, Condutor da Igreja Mor Heishin