quarta-feira, 27 de maio de 2020

Coluna Kaze maio 2020: Palavras do Reverendo Yoshimassa Shimizu, Condutor da Igreja Mor Heishin

   A disseminação do novo coronavírus está colocando preocupação e desordem nos países ao redor do mundo. Com a declaração de situação de emergência anunciada pelo governo imagino que os senhores tenham ficado muito preocupados, porém, espero que todos estejam passando bem. Expresso do fundo do coração meus sentimentos a todos aqueles que estão passando por dificuldades, seja cotidiana, econômica ou fisicamente.

   Em consequência do coronavírus, toda a sociedade foi submetida ao isolamento e mesmo dentro da Igreja, com exceção da missa mensal, todos os demais eventos foram cancelados. Diante dessa situação, como condutor de igreja, eu confesso que boa parte do tempo fico impaciente e preocupado. Contudo, acredito também que esta é uma oportunidade para pensarmos a respeito do “aspecto da verdadeira fé”, algo que geralmente não paramos para refletir.

Com o surgimento do novo coronavírus, viemos observando com grande curiosidade a respeito dessa situação. Nisso, notamos que o “egoísmo” do ser humano faz com que o vírus se espalhe rapidamente e que o “descaso” com a situação atual, em que o indivíduo só se preocupa consigo mesmo, faz com que a desordem se estabeleça na sociedade. Exemplos disso são as pessoas que ignoram a ordem de isolamento social e passeiam pelas ruas livremente, colaborando para a disseminação do vírus, e artistas que ostentam enormes quantidades de máscaras, mas denunciam os médicos que não as usam. Ainda, uma característica deste vírus é que, mesmo contraindo a doença, os sintomas não se manifestam rapidamente e, portanto, é difícil saber como decorreu a transmissão.

   Como escrevi na edição do mês passado, é nos ensinado que “o espírito é o único bem próprio”, ou seja, nosso uso espiritual se torna a razão, e essa razão se manifesta em forma de doença ou problema circunstancial, caso o uso espiritual não corresponda a Deus-Parens. Por este ponto de vista, observando a situação em que se encontra o nosso planeta, sinto que o coronavírus se manifestou pela razão oriunda do “egoísmo” e “discriminação” do ser humano.

   Como podemos ver no verso “todas as sementes plantadas brotarão”, é ensinado que a “razão do espírito” são como sementes, logo, não brotarão tão rapidamente. Vendo isso, realmente sinto que as características deste coronavírus estão fortemente ligadas às “oito poeiras espirituais”.

   Há tempos, venho transmitindo nesta igreja a respeito da prática do “levantar cedo, honestidade e trabalho” como nosso objetivo para a maturação espiritual. A respeito do “acordar cedo” expliquei que significa “acordar e, logo em seguida, realizar o serviço agradecendo o corpo emprestado e solicitando por mais um dia de saúde”. Acredito que esteja relativamente bem explicado, por isso, creio que muitos já estejam colocando este ensinamento na prática. Ainda, viver solicitando as orientações de Deus Parens e Oyassama é, dentro do Caminho, a forma mais verdadeira de se viver. Também acredito que agora é o momento em que mais devemos agir desta maneira, já que nos encontramos expostos a esta ameaça, a qual não podemos enxergar.

   Em contrapartida, a respeito da “honestidade e trabalho”, expliquei apenas para “tomar cuidado com o uso espiritual, não acumular poeiras” e “praticar o hinokishin de retribuição e realizar a salvação com sinceridade”, por isso, sinto que faltou uma explicação mais detalhada a respeito e eu mesmo sinto que não estou suficientemente consciente disso enquanto passo meus dias.

   Principalmente, no que diz respeito às “oito poeiras espirituais”, muitas vezes devo ter negligenciado esse ensinamento na correria do dia a dia, mesmo sabendo que refletir sobre isso é extremamente importante no nosso ensinamento.

   Porém, o coronavírus não está afetando apenas este Caminho: o mundo inteiro está parando por causa dele. Não estamos mais conseguindo fazer coisas que achávamos ser natural, e pode ser que quando tudo isso acabar, o mundo esteja completamente diferente do que fora antes. Só de imaginar o impacto na economia, todos já devem ficar apreensivos.

   Contudo, penso que justamente agora em que o mundo se encontra estagnado é que nós, fiéis, devemos parar para refletir a respeito.

E acredito que a “conduta espiritual” deve ser o foco da nossa atenção.

   Como já é do conhecimento dos senhores, Oyassama metaforizou como “poeira” o uso espiritual que vai contra o ensinamento de Deus Parens, ou seja, as oito poeiras espirituais, que são a mesquinhez, a cobiça, o ódio, o amor próprio, o rancor, a raiva, a ambição e o orgulho.

   Em minha opinião, os dois pontos a que devemos ter cuidado com relação ao uso espiritual das 8 poeiras são o “egoísmo” e a “discriminação” do próximo que visa somente o próprio bem. Como o livre arbítrio foi concedido ao homem, ele tende a ser egoísta, porém, quando se pensa no próximo, é manifestado o espírito de satisfação, gratidão, generosidade, salvação e até mesmo um sentimento de querer ser útil ao outro. Com isso, nosso coração se enche de alegria.

Nas Escrituras Divinas, temos:

Doravante, reformando firmemente o espírito,
tornem-no repleto de alegria. XIV-24

Tsukihi criou os seres humanos
por desejar ver o viver alegre e feliz. XIV-25

   O mundo de vida plena de alegria que Deus Parens deseja é um mundo onde os humanos, que são todos irmãos, vivem em harmonia, dedicando-se e salvando-se mutuamente com o espírito sincero para a vida plena de alegria e felicidade. E para corresponder ao amor parental de Deus Parens e Oyassama, que desejam a vida plena de alegria para todos os filhos, devemos agora nos empenhar em nossa maturação espiritual a fim de transformar nosso espírito para um repleto de alegria. Para isso, podemos agir pensando nas oito poeiras, por exemplo:

Mesquinhez é relutar em ceder esforço espiritual e físico. Como estamos em uma época em que passamos bastante tempo com a família, que tal fazermos em prol da família, ou mesmo da vizinhança, algo que as pessoas não gostam muito de fazer como limpar o banheiro, lavar roupa ou jogar o lixo para fora?

Cobiça é o espírito de desejar ainda mais embora já tenha o bastante. É justamente agora que devemos ser gratos pelas coisas, não desperdiçar nenhuma folha de verdura sequer e economizar mais, dividir com as pessoas ao redor e ajudar uns aos outros, não é mesmo?

Ódio é julgar mal e detestar as pessoas. É neste momento que devemos nos esforçar mais para não fofocar e falar mal dos outros, e sim empenhar em usar nossas palavras em forma de elogio e gratidão.

Amor-próprio é dar valor apenas às próprias coisas sem se importar com os outros. Nesta oportunidade, vamos refletir sobre nossa conduta e verificar se em nosso comportamento há ou não o egoísmo ou a discriminação.

Rancor é sentir ressentimento das pessoas por acreditar que foi humilhado. É pensar em vingança. Aproveitando este momento, vamos nos colocar na posição da pessoa de quem não gostamos e pensar no motivo dela ter agido de tal forma que não o agradou.

Raiva ocorre devido ao espírito egoísta. Justamente por estarmos nesta crise, vamos nos esforçar para escutar o que a pessoa tem a dizer até o final, portando-se de maneira que a faça se sentir animada.

Ambição é querer ganhar não importa como, é querer ter lucro mesmo que seja através do roubo. Neste momento, que tal dedicar-se com espírito sincero em prol da felicidade das pessoas?
Orgulho é ser presunçoso, vangloriar-se ou gabar-se. É utilizar o poder financeiro ou a posição social para subjugar e humilhar as outras pessoas. Aproveitando o momento, reflita e veja se sua atitude, aos olhos de Deus Parens e Oyassama, está de acordo com o ensinamento.

   No mundo atual, sinto como se o “egoísmo” e a “discriminação” soprassem violentamente como uma intensa tempestade.

   Para mudarmos o coração de todos do mundo devemos, primeiramente, colocar em prática o ensinamento, um pouco que seja, já que somos nós que possuímos o conhecimento deste Caminho.

   Esta é exatamente a oportunidade para nós, seguidores deste Caminho, mostrarmos a todas as pessoas do mundo a maneira de viver a vida plena de alegria e felicidade, para que possamos mudar o rumo da situação.


segunda-feira, 25 de maio de 2020

Entrevista com o Diretor-Geral Administrativo Zensuke Nakata (Revista Miti no Tomo, edição de maio do ano 183 R.D.)

Para superar o enorme nó do novo coronavírus 
- Acreditar no amor parental de Deus-Parens e refletir sobre o próprio espírito


 P: Como o senhor analisa a situação atual da disseminação do novo coronavírus? 

R: Inicialmente, gostaria de manifestar condolências às pessoas que perderam entes queridos devido ao vírus e, também, o agradecimento aos profissionais da área de saúde que estão trabalhando incansavelmente na contenção e recuperação das pessoas infectadas.

 Acredito que ninguém imaginava que esse novo coronavírus causasse tamanha repercussão em tão curto espaço de tempo e em uma velocidade de infecção tão impressionante. O mundo inteiro está coberto de medo e insegurança por não saber o que fazer quando essa onda de infecção chegar próximo de si. Como é uma situação inesperada e repentina, ainda não está sendo possível tomar as medidas mais adequadas. 

Devido ao medo e a insegurança, há uma grande desordem na política, na economia, na educação e na cultura, entre outras áreas. Ainda, devido às ordens governamentais para evitar sair de suas casas e participar de eventos, as pessoas estão deixando de se relacionarem com as outras, nas mais variadas situações. Isso pode vir a se tornar em um grande problema. Mesmo que a pandemia venha a cessar, os problemas deste momento não serão resolvidos rapidamente. Pelo contrário, resultarão em novos problemas, com consequências que pressionarão todas as sociedades. A probabilidade de que essa situação piore é cada vez mais alta.

 No começo da epidemia, vimos as nações do mundo unindo forças para superar esse vírus. Eu acredito que não podemos ignorar esse aspecto. Entretanto, o que me preocupa, é que essa união parece estar diminuindo, devido ao agravamento da situação com o aumento de pessoas infectadas em cada uma dessas nações. 

P: O que o senhor pensa sobre a situação atual? 

R: Os acontecimentos que ocorrem pelo mundo todo e pelo Japão, chegando até a nossa volta, são os mais variados possíveis. Apesar de a situação divergir em cada local, com certeza, existe aí a intenção de Deus-Parens. Como seguidores deste Caminho, não devemos ficar apenas observando essa situação. Procurando enfrentar cada situação com flexibilidade, creio que é importante realizar uma profunda reflexão e esforçar-se para superar esse enorme nó, recebendo a graça de fazer surgir brotos desse nó. 

Desde épocas remotas até o presente, não apenas no Japão, mas também em todo o mundo, surgiram diversas epidemias que causaram medo e insegurança na população. Houve época em que os 2 missionários puderam entrar em contato direto com a pessoa infectada, mas, na situação social atual, isso não é permitido. Assim, é importante pensar nas formas de praticar a salvação, distinguindo as circunstâncias do passado e do presente.

 Entretanto, o que não se pode esquecer é que existe um caminho a ser percorrido para conseguir receber a graça e devemos pensar seriamente o que fazer para receber a graça. Isso não muda, seja no passado ou no presente. Refletindo sobre a situação atual do novo coronavírus, o que se espera de nós é a força para buscar aquilo que cada um pode fazer diante dessa situação. Ao invés de pensar como sempre viemos pensando em situações anteriores, devemos buscar as abordagens mais adequadas à situação atual. 

Ainda, buscando a intenção divina através dos Textos Originais, temos, por exemplo, um verso da Escritura Divina que diz: 

Aquilo que o mundo chama de cólera, é um aviso do pesar de Tsukihi. (E.D. XIV-22) 

A cólera foi uma epidemia ocorrida no Japão, por volta do ano de 1879. Mas, se analisarmos somente esse verso, o campo de visão ficará limitado. Ao observar a sequência dos versos 21 a 28 da Parte XIV (referência 1), é possível compreender a angústia do amor parental de Deus-Parens. O “pesar” é porque os seres humanos estão apenas acumulando poeiras no espírito e Deus deseja, o quanto antes, conceder a vida plena de alegria e felicidade. 

Referência 1-
 O que quer que Tsukihi faça no corpo, não é uma doença, e sim, o seu cuidado. XIV-21
 Aquilo que o mundo chama de cólera, é um aviso do pesar de Tsukihi. XIV-22 
No mundo, acontece o mesmo com todas as pessoas: têm o espírito que só se desanima. XIV-23 Doravante, reformando firmemente o espírito, tornem-no repleto de alegria. XIV-24 
Tsukihi criou os seres humanos por desejar ver o viver alegre e feliz. XIV-25 
No mundo, por não conhecerem esta verdade, todos estão somente a desanimar-se. XIV-26 
Se impedirem o viver repleto de alegria que Tsukihi diz, o seu pesar se tornará maior. XIV-27 Compreendendo seguramente estas explanações, reflitam logo sobre isso. XIV-28 3 

Dessa forma, ao compreender o conteúdo dos versos anteriores e posteriores, vemos que é imprescindível uma postura de procurar, a fundo, a intenção de Deus-Parens. 

Outra coisa importante é direcionar uma seta para o próprio espírito e pensar naquilo que cada um pode realizar como um seguidor deste Caminho. Apesar de não sermos especialistas, seja na área da saúde, da economia ou da política, nós fazemos parte deste mundo e, como seguidores deste Caminho, se faz necessário pensar naquilo que cada um pode realizar com sinceridade e dedicação. 

P: Poderia dar mais detalhes sobre isso? 

R: Primeiramente, temos que estar firmemente cientes de que estamos no meio dessa grande situação adversa, e que o medo e a insegurança em relação ao futuro se espalham por todo o mundo. A primeira coisa que cada um deve fazer é solicitar séria e fervorosamente a Deus-Parens, da forma que cada um pode fazer, da forma permitida pela conjuntura social. 

Vendo pela história da Tenrikyo, houve épocas em que o governo impôs limites ao nosso Ensinamento, como nas ocasiões da Portaria Confidencial e da Reforma (referência 2)

Referência 2 
Portaria Confidencial - no ano de 1896, foi decretada a 12ª Portaria, pelo ministro do Interior. Foi chamada de “Portaria Confidencial” porque foi notificado secretamente às autoridades policiais de todo o país que incrementassem a repressão sobre a Tenrikyo. Ao mesmo tempo, o Ministério do Interior, através da Sede do Xintoísmo, obrigava a implementação de alterações no conteúdo da Doutrina. O Serviço Sagrado deveria ser realizado apenas com a 2ª e 3ª Parte; no Serviço mensal, as máscaras tinham que ser deixadas sobre a mesa e somente os homens poderiam participar da execução; o nome divino “Tenri-Ô-no-Mikoto” foi reformado para “Tenri-Ohkami”, entre outras ordens impostas. Reforma - no ano de 1837, devido à eclosão da Guerra Sino-Japonesa e para reforçar o estado de guerra, o governo ordena a alteração da doutrina e da estrutura de modo a se adequar à nova estrutura do país. Com isso, era proibido utilizar as máscaras de Kagura e executar o Hino Yorozuyo, o Hino III e o Hino V.

Hoje, podemos realizar o Serviço Sagrado sem qualquer intervenção ou imposição do governo. É importante sentir como isso é gratificante e motivo de muita felicidade. 

Como conhecemos as práticas para solicitar a salvação, acredito que, sem se importar com a forma, a primeira coisa que cada um pode fazer é rezar, mesmo que seja da própria residência ou, se as circunstâncias locais permitirem, indo à igreja. 

Em seguida, acreditar que todos os fatos e eventos que ocorrem neste mundo são realizações de DeusParens, e neles existe o grandioso amor parental no sentido de encaminhar para a vida plena de alegria e felicidade. Mesmo que sejam situações que causem preocupação ou insegurança, temos que ter a convicção de que neles há, com certeza, o amor parental. Ao ser questionado que tipo de amor parental é esse, talvez não seja tão simples de responder, mas devemos acreditar firmemente que aí existe o  4 amor parental. O Parens não mostra problemas que os filhos não consigam superar. Por isso, é muito importante ter a convicção de que os seres humanos, com certeza, possuem força para superar essas adversidades. 

Em meio a uma situação em que um suspeita do outro, se separando e se isolando, na sociedade atual, vejo uma tendência de criticar as situações que já ficaram no passado, como por exemplo: “Como foi que isso aconteceu?” ou “Como não fez isso, vemos o resultado agora!”. Porém, como as situações vêm mudando com uma velocidade impressionante, em vez de ficar olhando para trás, devemos nos esforçar em pensar de forma positiva, fixando o olhar ao futuro. Se não pensar dessa forma, creio que não conseguiremos demostrar, suficientemente, a força para superar essa adversidade. 

Gostaria de mencionar as palavras do Shimbashira II, no “9º Curso de Doutrina”, realizado em março de 1940, período em que o governo impôs restrições ao Ensinamento, devido ao regime de guerra, quando o Japão estava passando por reformas de uma nova Era.

São palavras mencionadas em meio ao “problema circunstancial mundial”, que era a guerra. Diante desse problema, não era para ficar criticando, procurando um culpado ou a origem disso. Está instruindo que é para pensar em como superar o enorme nó e colocar em prática aquilo que cada um consegue realizar. 

Pensando por essa perspectiva, animar uns aos outros, pensando positivo, é algo importante que conseguimos realizar. No dia a dia, vamos sempre dizer palavras de entusiasmo como: “Apesar das diversas preocupações, vamos nos esforçar, pois o ser humano tem a capacidade de superar as dificuldades”. Talvez se irritem, pensando que estou falando coisas sem pensar, mas, como mencionei antes, nós, que somos seguidores, dentro desse enorme nó, devemos vislumbrar um sinal de união espiritual de todo o mundo. Olhando para o objetivo do ensinamento de Oyassama, para superar esse enorme nó, é necessário fazer do ideal da concretização do mundo de vida plena de alegria e felicidade a própria convicção da fé, para que isto se torne a força motriz de um espírito animado, e, também, com isso, consiga animar as pessoas do mundo. Creio que não é apenas incentivar, mas sim, sentir a responsabilidade de incentivar as pessoas. Por isso, com a firme convicção em relação ao amor parental de Deus-Parens, creio que incentivar as pessoas, dizendo: “Vamos nos alegrar para superar essa dificuldade!”, isso é uma ação concreta que cada Yoboku pode tomar. 

Outra coisa é refletir sobre a própria fé, sobre o modo de viver e pensar no dia a dia. Se disser: “Não é hora para pensar sobre isso!” - posso até concordar. Mas, é comum os seres humanos se esquecerem das coisas após cessarem as dificuldades. Com as diversas restrições, aumenta o nosso tempo disponível. Se aceitar isso como um tempo que lhe foi concedido, creio que se torna um importante 5 momento para refletir sobre a própria postura na fé. 

A situação atual não permite que os yoboku e seguidores se reúnam nas igrejas, para realizar atividades. Mas,se pensar que Deus-Parens está questionando como devem ser as atividades da igreja, podemos compreender que Deus está incentivando cada pessoa ligada à igreja para rever as próprias condutas. Segundo um antigo mestre, ele disse: “Mesmo que as pessoas estejam completas para executar o Serviço Sagrado, se o espírito das pessoas não estiver purificado, a razão da salvação não trabalhará”. Por isso, acredito que, neste momento, devemos purificar o espírito e reavaliar, com firmeza, como proceder para receber as graças da salvação. Devemos fazer com que Deus-Parens se anime.

Referência 3

História dos precursores Oyassama disse: “se cortar a raiz das poeiras, cortará a raiz das doenças; até cortar a raiz das poeiras, nem pense que a raiz das doenças foi cortada.

 Uma família em harmonia é como a água purificada. Purificando a todos, Kanrodai. Por mais que execute o Serviço ‘tendo purificado todos igualmente’, se o espírito estiver com ciúmes e inveja, é como um espírito anuviado. Não purificou nem um pouco que seja. Nesse sentido, por mais que solicite a Deus, não será aceito. Nem lhe escutará. 

Este Caminho não é uma fé de boa lábia ou de mãos habilidosas. Se a boca, o espírito e as mãos não estiverem em harmonia, não será sinceridade. Não será possível nem apaziguar a família e nem a salvação mundial. Se nem consegue realizar essa pequena salvação, não conseguirá de forma alguma realizar a grande salvação. Daqui em diante, devemos nos amparar em Deus e seguir o caminho da ajuda mútua.” 

(Livro - Oyassama yori kikishi hanashi, Naokiti Takai, editora Doyusha) 6 

 P: Qual é o pensamento do senhor sob o ponto de vista da “salvação mútua”? 

R: Vemos a tamanha rapidez com que o vírus se propaga entre as pessoas. Falando de outra forma, isso prova que vivemos ligados a muitas outras pessoas. Através do desconforto causado pelo distanciamento e isolamento social, está sendo ensinado que, para a convivência humana, o relacionamento e a ligação entre as pessoas é algo imprescindível. 

Pensando dessa forma, é importante que nós, Yoboku, sendo todos igualmente irmãos, avancemos em direção à “salvação mútua”. É importante também, fortalecer dentro de si a consciência sobre a missão de transmitir ao mundo a respeito da “salvação mútua”.

 Por exemplo, apesar de muitas pessoas não poderem se reunir nas igrejas, podemos incentivá-las por telefone e, para aquelas que vierem, podemos conversar individualmente com elas. Como não podemos realizar as coisas como antes, vamos procurar novas formas, porque, com certeza, existem outras formas. Nesse sentido, podemos dizer que é uma oportunidade para a igreja demonstrar a sua “força para cuidar” dos fiéis. 

Ainda, dirigindo-se à sociedade, é importante postar mensagens que se tornem a fonte da alegria, dizendo: “Juntando as forças, vamos nos esforçar! Nós, seres humanos, podemos superar essa dificuldade!” Ou, por exemplo, dizer que somos “Um mundo, uma família” e, como irmãos, ao invés de suspeitar um do outro, vamos salvar um ao outro, postando mensagens alegres e animadoras nas redes sociais ou no quadro de avisos da igreja. Acredito que isso seja um dos meios de salvação. 

Hoje, as pessoas estão cobertas de medo e insegurança. Por isso, nós, seguidores do Caminho, precisamos ser os primeiros a conversar e incentivar, com alegria e ânimo, esforçando-nos no sentido de unir mutuamente o espírito para a salvação do próximo, com “o espírito repleto de alegria”, “o espírito de salvar as pessoas”, de modo que elas possam pensar: “como é uma mensagem de alguém da igreja, fico mais tranquilo e consigo me acalmar”. Creio que refletir e transmitir essa imagem ao mundo é uma das práticas e a contribuição que podemos fazer para a salvação mútua entre todos os irmãos do mundo.

 P: Por último, gostaria de saber qual a disposição espiritual que devemos ter diante desse enorme nó. R: 

Ao pensar na forma como a situação muda drasticamente, qualquer pessoa que seja se sente insegura, sem saber como será daqui a um mês. Mas isso também é um trabalho de Deus-Parens. Nós, que temos consciência disso, devemos pensar sempre de forma positiva. Por isso, temos que ser moderados, para não ter um comportamento que cause mais insegurança à sociedade. Dessa forma, a Sede da Igreja tem tomado medidas de precaução, solicitando aos seguidores em geral absterem-se de reverenciar as Cerimônias Mensais da Sede. 

Se porventura acontecer algo, o ser humano tem a tendência de suspeitar das pessoas ao redor, de procurar o culpado, pensando de forma negativa. No entanto, se direcionarmos o olhar para nós mesmos, poderemos refletir de maneira mais positiva. 

Aquele pensamento de achar normal o fato de as pessoas se reunirem na igreja para realizar o Serviço Sagrado pode ser reformado para aquele em que vai se esforçar mais para purificar o espírito. Pode se pensar de forma positiva, como sendo uma oportunidade para fazer com que do nó surja o broto. 

É possível aceitar esse enorme nó como uma “época para a própria evolução espiritual”. Penso que devemos estabelecer firmemente em nosso espírito que conseguimos fazer isso em razão da força de nossa fé e da gratidão que sentimos. 

A primeira coisa que devemos fazer, é solicitar, com seriedade, a pacificação deste mundo tomado pelo medo e pela insegurança. Além disso, para superar este nó de modo positivo, devemos ter total confiança no amor parental de Deus-Parens sem se deixar levar pela insegurança. Ainda, devemos 7 determinar, mais uma vez, o espírito de salvação e avançar com passos firmes na disseminação da salvação mútua entre todos os irmãos do mundo. Além disso, devemos ser um yoboku que transmita palavras de incentivo que façam com que o espírito das pessoas volte a ficar alegre e animado. Acredito que, neste momento, esse é o esforço que se espera de nós, seguidores deste Caminho. 

Muito obrigado!

segunda-feira, 11 de maio de 2020

COLUNA KAZE ABRIL 2020 - PALAVRAS DO REV. YOSHIMASSA SHIMIZU COND. IGREJA MOR HEISHIN

    O alastramento do novo coronavírus está afetando diversas áreas e, no Caminho, vários eventos estão sendo cancelados, um após o outro. Ainda, ao redor do mundo, o medo de algo que não podemos enxergar está colocando a preocupação e a desordem em nosso dia a dia. Para aqueles que estão sofrendo com a mudança do cotidiano, da economia e, é claro, devido à doença, expresso do fundo do coração minhas condolências e oro para que esta situação melhore o mais depressa possível. 

    Bem, desde o surgimento do novo coronavírus, passamos a perceber diversos problemas relativos ao comportamento do ser humano.

     Em primeiro lugar, a preocupação e o medo com relação ao vírus, um elemento que não podemos enxergar, está trazendo desordem à sociedade e, em meio a isso, o egoísmo do ser humano de repente passou a tomar controle do mundo. Há pessoas que aumentam o risco de infecção através de seu comportamento egoísta. Outras esbravejam dizendo que essas mesmas pessoas (egoístas) são as culpadas. E ainda há os que zombam de todos, achando que o problema não é seu e, ainda por cima, espalham boatos sem fundamento, estimulando assim a confusão e o conflito.

    Contudo, com o decorrer dos dias, sinto que o mundo está aos poucos se acalmando, pois o egoísmo está gradualmente sendo controlado e os conflitos e a discriminação estão diminuindo pouco a pouco. 

    Como estou escrevendo este texto em meados de março, não faço ideia de como a situação ficará. Porém, recentemente, em meio a toda esta crise, começou a surgir aos poucos pessoas que, em prol daqueles que estão passando por dificuldades, procuram algum meio de ajudar. Sinto o calor do coração dessas pessoas como a chegada da primavera. 

    No ensinamento, é dito que “o espírito é o único bem próprio”. É ensinado que o uso espiritual se torna a razão, e essa razão, conforme o uso espiritual, se manifesta em forma de doença ou problema circunstancial. Se pararmos para observar o estado do mundo nos dias atuais, sinto que o novo coronavírus surgiu a partir da razão de nosso “egoísmo” e “discriminação”. 

    No mundo atual, nossos líderes estão debatendo tendo o “egoísmo” e a “discriminação” como sinônimos de justiça, visando apenas os próprios êxitos, plantando aí, consequentemente, a semente dos conflitos e passando a julgar como “maus” aqueles que se opõem. A nível individual, a fraude e a corrupção se manifestam, fazendo com que o abuso e a provocação não tenham fim. 

    Acredito que o “egoísmo” seja um instinto natural que está ligado diretamente ao sentimento de desejo do homem. Por isso, o comportamento de uma criança pequena é, de certo modo, egoísta, e todos nós carregamos isso conosco. Acredito que seja o “egoísmo” o ‘ponto inicial’ para refletir a respeito do uso espiritual das oito poeiras (a mesquinhez, a cobiça, o ódio, o amor próprio, o rancor, a raiva, a ambição e o orgulho). 

    O homem tende a ser egoísta por ter-lhe sido concedido o livre arbítrio. Em contrapartida, possuímos o próprio espírito que pode por si mesmo eliminar o egoísmo a fim de ajudar o próximo. Temos ainda o espírito de gratidão, o de salvação, e também o espírito de querer ser útil ao outro. E quando esses sentimentos se manifestam, nosso coração se enche de alegria. Na minha opinião, é justamente isso que nos faz ‘humanos’ e nos diferencia de outros animais. 
    
    Há um verso do Ofudessaki, Escrituras Divinas, que faz referência à cólera, doença infectocontagiosa que abalou o mundo na era Meiji (1867~1912): 

Aquilo que o mundo chama de cólera, 
é um aviso do pesar de Tsukihi. XIV-22 

    Neste cenário em que um problema de escala mundial ocorre, há a impaciência e o pesar de Deus Parens com relação a seus queridos filhos, e Ele espera que tomemos esse problema como um aviso. 

    Mas o que será este pesar a que Deus Parens está se referindo? 

    No livro publicado pela Igreja Mor Yamana intitulado “Primeiro condutor e esposa - biografia”, há uma narrativa do primeiro condutor, Kunissaburo Moroi, que diz o seguinte: 

"Na época em que Oyassama estava fisicamente presente, a grande maioria de suas explanações era sobre o mar de lama. Entretanto, antes de explanar, Oyassama sempre dizia as seguintes palavras: ‘Atualmente, por não conhecerem a origem, as pessoas do mundo inteiro invejam e odeiam uns aos outros, nutrem o rancor e, contanto que tudo esteja bem consigo mesmo, agem de forma egoísta. Em casos mais severos, tornam-se inimigos, lutando uns contra os outros. Isso é inevitável, pois nunca ouviram falar sobre a origem. Entretanto, se continuar desta maneira, os pais matarão os filhos e os filhos matarão os pais. Isso é insuportável de se ver. Logo, devem ouvir a respeito da origem.’ Após transmitir estas palavras, explanava sobre o mundo de mar de lama e, ao final, dizia ‘Por isso, todos devem viver em harmonia". 

    As pessoas do mundo inteiro invejam e odeiam uns aos outros, sentem rancor e, contanto que tudo esteja bem consigo mesmo, agem egoisticamente. Nos casos mais graves, tornam-se inimigos, lutando entre si. Acredito que seja esse o pesar a que Deus Parens e Oyassama se referem. Ainda, quando a situação permanece dessa forma, os pais acabam matando os filhos e os filhos, os pais. E, para o verdadeiro pai de todos os seres humanos, queridos filhos que habitam este mundo, é muito penoso de observar isso. Sinto que é exatamente esta a situação em que nossa sociedade se encontra atualmente. 

    E, ao finalizar sua explanação a respeito da origem deste mundo e dos seres humanos, Oyassama concluía: ‘Por isso, todos devem viver em harmonia’. 

    Dando continuidade ao trecho do Ofudessaki citado anteriormente, temos: 

No mundo, acontece o mesmo com todas as pessoas: 
têm o espírito que só se desanima. XIV-23 

Doravante, reformando firmemente o espírito, 
tornem-no repleto de alegria. XIV-24 

Tsukihi criou os seres humanos 
por desejar ver o viver alegre e feliz. XIV-25 

No mundo, por não conhecerem esta verdade, 
todos estão somente a desanimar-se. XIV-26 

Em outras palavras, o espírito das pessoas ao redor do planeta está muito distante do ‘viver alegre e feliz’ tão desejado por Deus Parens. Se continuar assim, por mais que o tempo passe, o mundo de vida plena de alegria e felicidade almejado pelo Parens nunca chegará, por isso, Oyassama ressalta que devemos conhecer a origem da criação humana o mais depressa possível, renovar o nosso espírito e torná-lo repleto de alegria. 

    No mundo de hoje, sinto como se o “egoísmo” e a “discriminação” soprassem violentamente como uma tempestade intensa. 

    Entretanto, aos olhos do Deus original e verdadeiro que criou o mundo e os seres humanos, todas as pessoas do mundo são seus queridos filhos. Por isso, devemos compreender o imenso amor parental do Parens que se preocupa com o destino de seus filhos e, a fim de corresponder ao desejo de que ‘todos devem viver em harmonia’, devemos, mais do que nunca, esquecer o espírito de “egoísmo” e “discriminação” e trocar pelo “espírito alegre de salvar o próximo” e nos empenhar em busca da nossa evolução. Ainda, para poder mudar o espírito de todos, vamos realizar animadamente o serviço sagrado e a salvação. Só assim conseguiremos mudar o rumo deste mundo, não é mesmo?