segunda-feira, 11 de maio de 2020

COLUNA KAZE ABRIL 2020 - PALAVRAS DO REV. YOSHIMASSA SHIMIZU COND. IGREJA MOR HEISHIN

    O alastramento do novo coronavírus está afetando diversas áreas e, no Caminho, vários eventos estão sendo cancelados, um após o outro. Ainda, ao redor do mundo, o medo de algo que não podemos enxergar está colocando a preocupação e a desordem em nosso dia a dia. Para aqueles que estão sofrendo com a mudança do cotidiano, da economia e, é claro, devido à doença, expresso do fundo do coração minhas condolências e oro para que esta situação melhore o mais depressa possível. 

    Bem, desde o surgimento do novo coronavírus, passamos a perceber diversos problemas relativos ao comportamento do ser humano.

     Em primeiro lugar, a preocupação e o medo com relação ao vírus, um elemento que não podemos enxergar, está trazendo desordem à sociedade e, em meio a isso, o egoísmo do ser humano de repente passou a tomar controle do mundo. Há pessoas que aumentam o risco de infecção através de seu comportamento egoísta. Outras esbravejam dizendo que essas mesmas pessoas (egoístas) são as culpadas. E ainda há os que zombam de todos, achando que o problema não é seu e, ainda por cima, espalham boatos sem fundamento, estimulando assim a confusão e o conflito.

    Contudo, com o decorrer dos dias, sinto que o mundo está aos poucos se acalmando, pois o egoísmo está gradualmente sendo controlado e os conflitos e a discriminação estão diminuindo pouco a pouco. 

    Como estou escrevendo este texto em meados de março, não faço ideia de como a situação ficará. Porém, recentemente, em meio a toda esta crise, começou a surgir aos poucos pessoas que, em prol daqueles que estão passando por dificuldades, procuram algum meio de ajudar. Sinto o calor do coração dessas pessoas como a chegada da primavera. 

    No ensinamento, é dito que “o espírito é o único bem próprio”. É ensinado que o uso espiritual se torna a razão, e essa razão, conforme o uso espiritual, se manifesta em forma de doença ou problema circunstancial. Se pararmos para observar o estado do mundo nos dias atuais, sinto que o novo coronavírus surgiu a partir da razão de nosso “egoísmo” e “discriminação”. 

    No mundo atual, nossos líderes estão debatendo tendo o “egoísmo” e a “discriminação” como sinônimos de justiça, visando apenas os próprios êxitos, plantando aí, consequentemente, a semente dos conflitos e passando a julgar como “maus” aqueles que se opõem. A nível individual, a fraude e a corrupção se manifestam, fazendo com que o abuso e a provocação não tenham fim. 

    Acredito que o “egoísmo” seja um instinto natural que está ligado diretamente ao sentimento de desejo do homem. Por isso, o comportamento de uma criança pequena é, de certo modo, egoísta, e todos nós carregamos isso conosco. Acredito que seja o “egoísmo” o ‘ponto inicial’ para refletir a respeito do uso espiritual das oito poeiras (a mesquinhez, a cobiça, o ódio, o amor próprio, o rancor, a raiva, a ambição e o orgulho). 

    O homem tende a ser egoísta por ter-lhe sido concedido o livre arbítrio. Em contrapartida, possuímos o próprio espírito que pode por si mesmo eliminar o egoísmo a fim de ajudar o próximo. Temos ainda o espírito de gratidão, o de salvação, e também o espírito de querer ser útil ao outro. E quando esses sentimentos se manifestam, nosso coração se enche de alegria. Na minha opinião, é justamente isso que nos faz ‘humanos’ e nos diferencia de outros animais. 
    
    Há um verso do Ofudessaki, Escrituras Divinas, que faz referência à cólera, doença infectocontagiosa que abalou o mundo na era Meiji (1867~1912): 

Aquilo que o mundo chama de cólera, 
é um aviso do pesar de Tsukihi. XIV-22 

    Neste cenário em que um problema de escala mundial ocorre, há a impaciência e o pesar de Deus Parens com relação a seus queridos filhos, e Ele espera que tomemos esse problema como um aviso. 

    Mas o que será este pesar a que Deus Parens está se referindo? 

    No livro publicado pela Igreja Mor Yamana intitulado “Primeiro condutor e esposa - biografia”, há uma narrativa do primeiro condutor, Kunissaburo Moroi, que diz o seguinte: 

"Na época em que Oyassama estava fisicamente presente, a grande maioria de suas explanações era sobre o mar de lama. Entretanto, antes de explanar, Oyassama sempre dizia as seguintes palavras: ‘Atualmente, por não conhecerem a origem, as pessoas do mundo inteiro invejam e odeiam uns aos outros, nutrem o rancor e, contanto que tudo esteja bem consigo mesmo, agem de forma egoísta. Em casos mais severos, tornam-se inimigos, lutando uns contra os outros. Isso é inevitável, pois nunca ouviram falar sobre a origem. Entretanto, se continuar desta maneira, os pais matarão os filhos e os filhos matarão os pais. Isso é insuportável de se ver. Logo, devem ouvir a respeito da origem.’ Após transmitir estas palavras, explanava sobre o mundo de mar de lama e, ao final, dizia ‘Por isso, todos devem viver em harmonia". 

    As pessoas do mundo inteiro invejam e odeiam uns aos outros, sentem rancor e, contanto que tudo esteja bem consigo mesmo, agem egoisticamente. Nos casos mais graves, tornam-se inimigos, lutando entre si. Acredito que seja esse o pesar a que Deus Parens e Oyassama se referem. Ainda, quando a situação permanece dessa forma, os pais acabam matando os filhos e os filhos, os pais. E, para o verdadeiro pai de todos os seres humanos, queridos filhos que habitam este mundo, é muito penoso de observar isso. Sinto que é exatamente esta a situação em que nossa sociedade se encontra atualmente. 

    E, ao finalizar sua explanação a respeito da origem deste mundo e dos seres humanos, Oyassama concluía: ‘Por isso, todos devem viver em harmonia’. 

    Dando continuidade ao trecho do Ofudessaki citado anteriormente, temos: 

No mundo, acontece o mesmo com todas as pessoas: 
têm o espírito que só se desanima. XIV-23 

Doravante, reformando firmemente o espírito, 
tornem-no repleto de alegria. XIV-24 

Tsukihi criou os seres humanos 
por desejar ver o viver alegre e feliz. XIV-25 

No mundo, por não conhecerem esta verdade, 
todos estão somente a desanimar-se. XIV-26 

Em outras palavras, o espírito das pessoas ao redor do planeta está muito distante do ‘viver alegre e feliz’ tão desejado por Deus Parens. Se continuar assim, por mais que o tempo passe, o mundo de vida plena de alegria e felicidade almejado pelo Parens nunca chegará, por isso, Oyassama ressalta que devemos conhecer a origem da criação humana o mais depressa possível, renovar o nosso espírito e torná-lo repleto de alegria. 

    No mundo de hoje, sinto como se o “egoísmo” e a “discriminação” soprassem violentamente como uma tempestade intensa. 

    Entretanto, aos olhos do Deus original e verdadeiro que criou o mundo e os seres humanos, todas as pessoas do mundo são seus queridos filhos. Por isso, devemos compreender o imenso amor parental do Parens que se preocupa com o destino de seus filhos e, a fim de corresponder ao desejo de que ‘todos devem viver em harmonia’, devemos, mais do que nunca, esquecer o espírito de “egoísmo” e “discriminação” e trocar pelo “espírito alegre de salvar o próximo” e nos empenhar em busca da nossa evolução. Ainda, para poder mudar o espírito de todos, vamos realizar animadamente o serviço sagrado e a salvação. Só assim conseguiremos mudar o rumo deste mundo, não é mesmo?

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