quarta-feira, 27 de maio de 2020

Coluna Kaze maio 2020: Palavras do Reverendo Yoshimassa Shimizu, Condutor da Igreja Mor Heishin

   A disseminação do novo coronavírus está colocando preocupação e desordem nos países ao redor do mundo. Com a declaração de situação de emergência anunciada pelo governo imagino que os senhores tenham ficado muito preocupados, porém, espero que todos estejam passando bem. Expresso do fundo do coração meus sentimentos a todos aqueles que estão passando por dificuldades, seja cotidiana, econômica ou fisicamente.

   Em consequência do coronavírus, toda a sociedade foi submetida ao isolamento e mesmo dentro da Igreja, com exceção da missa mensal, todos os demais eventos foram cancelados. Diante dessa situação, como condutor de igreja, eu confesso que boa parte do tempo fico impaciente e preocupado. Contudo, acredito também que esta é uma oportunidade para pensarmos a respeito do “aspecto da verdadeira fé”, algo que geralmente não paramos para refletir.

Com o surgimento do novo coronavírus, viemos observando com grande curiosidade a respeito dessa situação. Nisso, notamos que o “egoísmo” do ser humano faz com que o vírus se espalhe rapidamente e que o “descaso” com a situação atual, em que o indivíduo só se preocupa consigo mesmo, faz com que a desordem se estabeleça na sociedade. Exemplos disso são as pessoas que ignoram a ordem de isolamento social e passeiam pelas ruas livremente, colaborando para a disseminação do vírus, e artistas que ostentam enormes quantidades de máscaras, mas denunciam os médicos que não as usam. Ainda, uma característica deste vírus é que, mesmo contraindo a doença, os sintomas não se manifestam rapidamente e, portanto, é difícil saber como decorreu a transmissão.

   Como escrevi na edição do mês passado, é nos ensinado que “o espírito é o único bem próprio”, ou seja, nosso uso espiritual se torna a razão, e essa razão se manifesta em forma de doença ou problema circunstancial, caso o uso espiritual não corresponda a Deus-Parens. Por este ponto de vista, observando a situação em que se encontra o nosso planeta, sinto que o coronavírus se manifestou pela razão oriunda do “egoísmo” e “discriminação” do ser humano.

   Como podemos ver no verso “todas as sementes plantadas brotarão”, é ensinado que a “razão do espírito” são como sementes, logo, não brotarão tão rapidamente. Vendo isso, realmente sinto que as características deste coronavírus estão fortemente ligadas às “oito poeiras espirituais”.

   Há tempos, venho transmitindo nesta igreja a respeito da prática do “levantar cedo, honestidade e trabalho” como nosso objetivo para a maturação espiritual. A respeito do “acordar cedo” expliquei que significa “acordar e, logo em seguida, realizar o serviço agradecendo o corpo emprestado e solicitando por mais um dia de saúde”. Acredito que esteja relativamente bem explicado, por isso, creio que muitos já estejam colocando este ensinamento na prática. Ainda, viver solicitando as orientações de Deus Parens e Oyassama é, dentro do Caminho, a forma mais verdadeira de se viver. Também acredito que agora é o momento em que mais devemos agir desta maneira, já que nos encontramos expostos a esta ameaça, a qual não podemos enxergar.

   Em contrapartida, a respeito da “honestidade e trabalho”, expliquei apenas para “tomar cuidado com o uso espiritual, não acumular poeiras” e “praticar o hinokishin de retribuição e realizar a salvação com sinceridade”, por isso, sinto que faltou uma explicação mais detalhada a respeito e eu mesmo sinto que não estou suficientemente consciente disso enquanto passo meus dias.

   Principalmente, no que diz respeito às “oito poeiras espirituais”, muitas vezes devo ter negligenciado esse ensinamento na correria do dia a dia, mesmo sabendo que refletir sobre isso é extremamente importante no nosso ensinamento.

   Porém, o coronavírus não está afetando apenas este Caminho: o mundo inteiro está parando por causa dele. Não estamos mais conseguindo fazer coisas que achávamos ser natural, e pode ser que quando tudo isso acabar, o mundo esteja completamente diferente do que fora antes. Só de imaginar o impacto na economia, todos já devem ficar apreensivos.

   Contudo, penso que justamente agora em que o mundo se encontra estagnado é que nós, fiéis, devemos parar para refletir a respeito.

E acredito que a “conduta espiritual” deve ser o foco da nossa atenção.

   Como já é do conhecimento dos senhores, Oyassama metaforizou como “poeira” o uso espiritual que vai contra o ensinamento de Deus Parens, ou seja, as oito poeiras espirituais, que são a mesquinhez, a cobiça, o ódio, o amor próprio, o rancor, a raiva, a ambição e o orgulho.

   Em minha opinião, os dois pontos a que devemos ter cuidado com relação ao uso espiritual das 8 poeiras são o “egoísmo” e a “discriminação” do próximo que visa somente o próprio bem. Como o livre arbítrio foi concedido ao homem, ele tende a ser egoísta, porém, quando se pensa no próximo, é manifestado o espírito de satisfação, gratidão, generosidade, salvação e até mesmo um sentimento de querer ser útil ao outro. Com isso, nosso coração se enche de alegria.

Nas Escrituras Divinas, temos:

Doravante, reformando firmemente o espírito,
tornem-no repleto de alegria. XIV-24

Tsukihi criou os seres humanos
por desejar ver o viver alegre e feliz. XIV-25

   O mundo de vida plena de alegria que Deus Parens deseja é um mundo onde os humanos, que são todos irmãos, vivem em harmonia, dedicando-se e salvando-se mutuamente com o espírito sincero para a vida plena de alegria e felicidade. E para corresponder ao amor parental de Deus Parens e Oyassama, que desejam a vida plena de alegria para todos os filhos, devemos agora nos empenhar em nossa maturação espiritual a fim de transformar nosso espírito para um repleto de alegria. Para isso, podemos agir pensando nas oito poeiras, por exemplo:

Mesquinhez é relutar em ceder esforço espiritual e físico. Como estamos em uma época em que passamos bastante tempo com a família, que tal fazermos em prol da família, ou mesmo da vizinhança, algo que as pessoas não gostam muito de fazer como limpar o banheiro, lavar roupa ou jogar o lixo para fora?

Cobiça é o espírito de desejar ainda mais embora já tenha o bastante. É justamente agora que devemos ser gratos pelas coisas, não desperdiçar nenhuma folha de verdura sequer e economizar mais, dividir com as pessoas ao redor e ajudar uns aos outros, não é mesmo?

Ódio é julgar mal e detestar as pessoas. É neste momento que devemos nos esforçar mais para não fofocar e falar mal dos outros, e sim empenhar em usar nossas palavras em forma de elogio e gratidão.

Amor-próprio é dar valor apenas às próprias coisas sem se importar com os outros. Nesta oportunidade, vamos refletir sobre nossa conduta e verificar se em nosso comportamento há ou não o egoísmo ou a discriminação.

Rancor é sentir ressentimento das pessoas por acreditar que foi humilhado. É pensar em vingança. Aproveitando este momento, vamos nos colocar na posição da pessoa de quem não gostamos e pensar no motivo dela ter agido de tal forma que não o agradou.

Raiva ocorre devido ao espírito egoísta. Justamente por estarmos nesta crise, vamos nos esforçar para escutar o que a pessoa tem a dizer até o final, portando-se de maneira que a faça se sentir animada.

Ambição é querer ganhar não importa como, é querer ter lucro mesmo que seja através do roubo. Neste momento, que tal dedicar-se com espírito sincero em prol da felicidade das pessoas?
Orgulho é ser presunçoso, vangloriar-se ou gabar-se. É utilizar o poder financeiro ou a posição social para subjugar e humilhar as outras pessoas. Aproveitando o momento, reflita e veja se sua atitude, aos olhos de Deus Parens e Oyassama, está de acordo com o ensinamento.

   No mundo atual, sinto como se o “egoísmo” e a “discriminação” soprassem violentamente como uma intensa tempestade.

   Para mudarmos o coração de todos do mundo devemos, primeiramente, colocar em prática o ensinamento, um pouco que seja, já que somos nós que possuímos o conhecimento deste Caminho.

   Esta é exatamente a oportunidade para nós, seguidores deste Caminho, mostrarmos a todas as pessoas do mundo a maneira de viver a vida plena de alegria e felicidade, para que possamos mudar o rumo da situação.


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