quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Coluna Kaze julho 2020

Senhoras e senhores, como estão passando? Graças a Deus, a situação do país diante do novo coronavírus vem se amenizando aos poucos. Contudo, se voltarmos a nossa atenção para o restante do mundo, veremos que muitos países, como o Brasil e os EUA, ainda estão distantes de uma possível solução. Em meio a todo esse ambiente de preocupação e ansiedade, não posso deixar de sentir que os recentes problemas que afligem nossa sociedade têm como causa, digo novamente, o “egoísmo” e a “discriminação”. 

Em todo o mundo, muitas pessoas comentam a respeito do “novo estilo de vida” imposto pela pandemia. No entanto, sinto que o que realmente nos ajudaria a solucionar nosso problema atual seria a “vida de acordo com a razão do ensinamento”. 

Pois bem, este mês gostaria de falar um pouco do que penso a respeito do ensinamento “coisa emprestada e tomada emprestada”, que é a base da nossa doutrina. Na Escritura Divina, temos: 

Os corpos humanos são todos coisas emprestadas por Deus. 
Com que pensamento estão usando? III–41

 Este mundo é corpo de Deus. 
Reflitam a respeito disso em tudo III–40, 135 

Mas por que será que utilizamos o termo “emprestado” ao invés de “adquirido”? 

Eu acredito que se o corpo que possuímos fosse unicamente nosso, seria um tanto problemático. Se o corpo concedido por Deus realmente fosse próprio, o utilizaríamos a nosso bel prazer, e ainda teríamos a liberdade de poder destruí-lo ou jogá-lo fora em qualquer momento. Se até mesmo por algum motivo causássemos dano a ele, seria necessário um conserto feito por nós mesmos. É óbvio que não o realizaríamos, pois não somos portadores de tal habilidade. Mesmo a medicina tem suas limitações.

 Atualmente, locações têm se tornado uma grande tendência. Para esses casos, há diversas condições a respeito dos termos de uso, porém, a responsabilidade de manutenção fica quase sempre por conta do locador, por isso existe certa tranquilidade com relação a estes serviços. Além disso, caso o produto estrague ou se deteriore, valemo-nos do nosso direito de troca. 

Entretanto, não podemos pensar que as providências concedidas por Deus-Parens funcionam dessa mesma maneira. Por trás do ensinamento “coisa emprestada e tomada emprestada”, há um grande amor parental em fazer os seres humanos, seus filhos, viverem tranquilamente. O “corpo de Deus” – o ambiente e toda a natureza que nos cerca – é igualmente uma providência divina. Isso também é a manifestação do imensurável amor parental pelo qual somos inundados.

No entanto, será que o nosso corpo, um empréstimo de Deus-Parens, e as providências da natureza, como a água, fogo e vento são nos oferecidos “de graça”? Como imagino que ninguém esteja pagando algo pelas graças divinas, acredito que a maioria das pessoas sinta que as graças são oferecidas gratuitamente.

 Nas palavras de Oyassama, do dia 13 de janeiro de 1887, temos: 

“Se houver sinceridade, haverá a verdade. Não sabem o que significa a verdade. A verdade autêntica é o fogo, a água e o ar”.

 “É para comprar a verdade, é para comprar a verdade com o seu valor”. 

 “Se houver sinceridade, haverá a verdade”. Nessa frase, “sinceridade” diz respeito à sinceridade no espírito das pessoas. Já a “verdade” refere-se à verdade de Deus-Parens, composta pelas graças do fogo, da água e do vento. 

Na frase “é para comprar a verdade”, “verdade” também se refere a essas mesmas graças, e “valor” ao preço que, neste contexto, é a sinceridade do espírito das pessoas, que “compraria” a verdade divina, ou seja, o fogo, a água e o vento. Nem é preciso dizer que sem as graças do corpo e da natureza, não há como vivermos neste mundo.

 Não posso afirmar com certeza se esta explicação se encaixa adequadamente, pois pode ser que essas palavras tenham sido ditas para uma determinada situação da época. Porém, posso assegurar que, perante o “preço” do trabalho de Deus-Parens, Ele espera como retribuição a sinceridade do espírito das pessoas. Diante disso, por mais que Deus seja o Parens verdadeiro, pode ser egoísmo de nossa parte pensar que o trabalho divino seja “gratuito”. 

Contudo, não é porque não “pagamos” que Deus-Parens irá imediatamente nos privar de seus trabalhos. Acredito que, enquanto não o “pagarmos”, nossa “dívida” vai sendo anotada na agenda divina. E sem que percebamos, ela vai aos poucos se acumulando. 

Se as dívidas se acumularem gradualmente, 
Após haverá um caminho semelhante ao dos bois e cavalos. VIII–54 

Acredito que nós seres humanos devemos, com sinceridade no espírito, corresponder ao profundo amor parental de Deus-Parens, cujo único desejo é uma vida plena de alegria e felicidade para todos os seus filhos. Em outras palavras, independentemente de termos ou não consciência disso, nós, que tomamos emprestado este corpo, devemos retribuir as dívidas carregando conosco a sinceridade de espírito, que se tornará um dia o nosso “pagamento” pelas graças adquiridas. 

Por isso, além de realizar, é claro, o agradecimento a Deus-Parens por suas providências e por seu profundo amor todas as manhãs e noites, é fundamental nos dedicarmos com espírito sincero para que as pessoas ao nosso redor possam se aproximar cada vez mais da vida plena de alegria. Além disso, devemos nos esforçar sinceramente no caminho da dedicação única à salvação transmitida por Oyassama para que o mundo todo também possa usufruir dessa mesma felicidade. 

Tendo todos os dias a consciência deste pequeno ato de retribuição é que vamos adquirir a razão de receber para todo o sempre as graças deste “corpo emprestado” e deste mundo, “corpo de Deus”.

 Pode parecer uma tarefa difícil de ser realizada, porém, se compararmos com o infinito amor parental de Deus-Parens, é uma retribuição extremamente modesta. Pode-se dizer que a verdadeira maturação espiritual será atingida quando o espírito se tornar aquele que retribui as graças recebidas. 

Este ensinamento não consiste em realizar preces ou evocações. É a fé que ensina o modo de viver de acordo com a razão deste Caminho. E assim como dizemos “Caminho” por precisarmos “trilhá-lo”, é fundamental nós mesmos trilharmos pelos ensinamentos, colocando em prática, por exemplo, “levantar cedo, honestidade e trabalho”. Logo, para corresponder ao grande amor parental de Deus-Parens – por menor que possa parecer a nossa retribuição – passaremos os dias vivendo de acordo com esta fé. 

Rev. Yoshimassa Shimizu - Condutor da Igreja Mor Heishin

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