domingo, 6 de agosto de 2017

Coluna Kaze - Maio 2017

Coluna Kaze – maio de 2017


Senhoras e senhores, boa tarde. Já estamos nos aproximando no final da primavera e chegamos à época maravilhosa em que novas folhagens começam a brotar. E os senhores, como têm passado?
Bem, em um passado muito distante, este mundo era um lugar caótico onde não havia nada além de um mar de lama. Deus Parens, Tsukihi, observando este mar de lama julgou insípida esta condição e, então, teve a ideia de criar os seres humanos e compartilhar da sua alegria, e foi a partir deste ponto que surgiu este mundo e os seres humanos.
Pois bem, mas o que significa a palavra “insípido”? Ou, em outras palavras, “chato” ou “sem graça”. Por exemplo, ao chegarmos cansados em casa na hora da refeição, pensamos “ah, qual será a janta de hoje?”, mas se nos disserem: “hoje foi um dia muito corrido e por isso não tive tempo de preparar nada. Desculpe, mas poderia apenas comer arroz com furikake¹?” Tenho quase certeza que muitos iriam pensar “que chato”, ou algo do tipo. Da mesma maneira, quando ocorre algo maravilhoso e queremos transmitir para alguém, mas não há ninguém para nos ouvir, provavelmente sentirá que não “tem graça”.
Em minha opinião, acredito que “insípido” signifique algo como “sem sabor, monótono ou sem alegria”. Em relação ao “sabor”, do ponto de vista de Deus Parens e Oyassama, há o seguinte conto em “Episódios da Vida de Oyassama” que gostaria de transmitir aos senhores: Episódio 7 – Oferenda sincera.

Num certo final de ano, quando a família Nakayama vivia na profunda pobreza, um fiel trouxe belos bolinhos de arroz colocados numa luxuosa caixa, dizendo: “Por favor, ofereça isto a Oyassama.” Kokan levou-os imediatamente a ela, que disse apenas:
“Ah é.”
E não mostrou nenhum sinal de satisfação.
Dois ou três dias depois, veio um fiel que apresentou um embrulho simples, e entregou-o dizendo: “Gostaria de oferecer isto a Oyassama.” O conteúdo era apenas alguns bolinhos doces de arroz postos sobre uma casca do broto de bambu. Como sempre, Kokan levou-os para mostrar a Oyassama, que se manifestou muito satisfeita:
“Coloque-os em oferenda a Deus Parens, imediatamente.”
Mais tarde, soube-se que a primeira pessoa era de uma família rica, que havia feito muitos bolinhos para o ano novo e por ter sobrado trouxera para oferecer à Residência. A segunda era de família pobre, que conseguira fazer os bolinhos com muito custo, porém retirou os primeiros para oferecer à Residência, dizendo: “Isto também é graças a Deus Parens.”
Oyassama conhecia perfeitamente o espírito de cada pessoa.
São muitos os exemplos semelhantes a estes. Posteriormente, numerosos fiéis vieram a oferecer coisas raras de cada época, desejando que Oyassama se servisse delas. No entanto, contentava-se muito mais com o espírito sincero de quem oferecia do que com o que era oferecido.
Assim, se era um oferecimento feito com arrogância, embora comesse em virtude da insistência das pessoas, dizia:
“Não sinto nenhum gosto; é como se estivesse comendo forçada e sem vontade.”

No final, Oyassama menciona: “não sinto nenhum gosto”.
Em outras palavras, a oferenda feita do fundo do coração é alegremente recebida por Deus Parens. Por outro lado, a oferenda feita com pouco sentimento é algo “sem alegria” e “sem sabor”.
Se formos pensar, todos os dias nós fazemos a oferenda para Deus Parens no altar de nossas igrejas. E quando chega o dia da missa mensal, realizamos uma oferenda grandiosa. Mas Deus Parens e Oyassama em momento algum se “alimentam” sem antes “saboreá-los” devidamente. Pois bem, qual então o significado por trás desta oferenda? A resposta se encontra na sinceridade que ela carrega. Em outras palavras, a sinceridade no esforço em todo o processo de preparação da oferenda. Este é o ponto principal.
Pode ser que a oferenda seja trazida por alguém com o desejo de oferecer a Deus, ou que seja algo escolhido com muito cuidado por alguém da igreja justamente para servir como oferenda. Depois, o pessoal responsável lava, esfrega, limpa, enfim, faz com muito cuidado os “preparativos” para então finalmente colocá-las no prato. Durante este processo, esse pessoal se veste de branco, usa a máscara, lava as mãos, etc., e deposita seu sentimento enquanto realiza o trabalho. Então, os encarregados de colocar a oferenda, com todo o cuidado e formalidade passam-na de mão em mão até finalmente colocar no altar de Deus. Ou seja, durante todo este processo (até que a oferenda chegue ao altar) há muitas pessoas envolvidas se dedicando.
Não significa exatamente que Deus Parens e Oyassama irão “comer” os alimentos oferendados. Estes são, na realidade, graças concedidas por Deus Parens a nós, humanos. Por isso, o significado da oferenda não está nas coisas que estão sendo oferendadas, mas no sentimento sincero das pessoas ao prepará-las. Deus Parens aceita a sinceridade verdadeira, “saboreia” nosso sentimento. É nisso em que acredito.
Se realmente for desta maneira, para Deus, o “sabor” e a “alegria” vai depender do quão sincero e verdadeiro foi nosso sentimento ao preparar a oferenda.
É claro que, da mesma forma que o serviço, realizar a reverência impecavelmente, com todo o cuidado, no dia e no local determinado também é importante, porém, acredito que a ‘degustação’ de Deus Parens vai depender do sentimento, treino, preparo e esforço que foi dedicado visando realizar esta oração.
Oyassama contentava-se muito mais com o espírito sincero de quem oferecia do que com o que era oferecido.” Em outras palavras, o “sabor” para Deus Parens e Oyassama se encontra no nosso sentimento sincero e verdadeiro.
Sobre este ponto de vista, se observarmos o mundo atual ao nosso redor, será que veremos um mundo transbordante de “alegria” e “sabor” na visão de Deus Parens e Oyassama? Infelizmente, talvez este mundo esteja próximo a um estado “insípido e de desordem”.
Quanto mais o mundo se aproxima deste estado, o espírito sincero de nós, fiéis, aumentará seu brilho ainda mais. Então, acredito que a coisa mais importante é o quanto iremos nos esforçar com o espírito sincero a fim de contentar Deus Parens e Oyassama.
E então, cada vez mais precisaremos aumentar o número de pessoas que se dedicam com o espírito sincero. Com isso, fico na expectativa de quantos jovens que carregam o futuro deste caminho irão surgir.
Bem, por fim teremos o início do “Curso de Formação para os Sucessores do Caminho” neste ano.

Senhoras e senhores, imaginem o futuro daqui a dez, vinte anos. Visando a criação dos jovens, o futuro de nossas igrejas e deste caminho, esforcemo-nos ainda mais animadamente e com o espírito sincero na construção de um futuro promissor, para que Deus Parens e Oyassama sintam o “sabor” da alegria.

Rev. Yoshimassa Shimizu, Condutor da Igreja Mor Heishin.

¹ Furikake: condimento seco normalmente colocado em cima do arroz.

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