quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Coluna Kaze - junho de 2017

Coluna Kaze - junho de 2017

Chegamos à época em que o verde começa a dominar nossas paisagens e gostaria de expressar neste momento a minha alegria em vê-los bem e saudáveis.
Finalmente teremos o início do “Curso de Formação para os Sucessores do Caminho” em agosto deste ano, o qual acontece apenas uma vez a cada dez anos. Em vista disso, abrimos as inscrições que, por fim, se encerraram no dia 3 de maio. Se por acaso houver alguém que tenha se esquecido da inscrição, peço que entrem rapidamente em contato com a igreja mor, pois ainda há tempo.
O diretor do comitê executivo desta vez será o Sr. Daissuke Nakayama, sucessor do Shimbashira.
Outro dia, quando participei de um workshop para professores palestrantes, havia uma pessoa que disse com muito entusiasmo que gostaria de realizar um curso em que pelo menos alguém pudesse sentir que “graças ao curso, sua vida mudou”. Ter líderes carregando consigo esse pensamento é muito gratificante, e sinto que consigo ficar ainda mais firme e animado.
Desde a muito tempo penso que convidar jovens para cursos como este é algo de grande importância e fundamental para a Igreja.
Na realidade, há muito tempo que carrego o pensamento de que os jovens criados dentro do ambiente da Tenrikyo sentem algo bloqueando seu peito. E por mais que haja crianças com excelentes pais, acredito que pode se dizer o mesmo.
Em outras palavras: minha casa é uma igreja e, durante a minha infância, frequentemente faziam piadas de mim. Ou ainda, passava vergonha em certos casos e nunca ganhava coisas que eu queria ou que meus amigos possuíam, por ser de uma família pobre. São apenas pequenas insatisfações que tive quando pequeno, porém, as crianças que estão passando por essa fase em que se preocupam com qualquer coisa vão acumulando aos pouquinhos pequenas feridas.
Dentro disso, a “insatisfação” que mais escuto é: “meu pai, que é condutor de igreja da Tenrikyo, vive me dizendo coisas sem ao menos escutar o que tenho a dizer”.
Mesmo eu, que tenho um pai que se dedicava fervorosamente, quando criança, carregava um sentimento de oposição por nunca ganhar nada do que eu pedia. Por isso, quando meu pai, que se chama Keichiro, não estava por perto, o chamava de Kechiro[1]. Hoje reconheço que realmente errei, mesmo sendo um fato de quando eu era ainda criança.
Apesar disso, possuir essa “insatisfação” quando se é criança é, por outro lado, algo inevitável e, conforme o crescimento, vai se aprendendo. Porém, com isso, existem pessoas que se afastam completamente do caminho, pois durante seu desenvolvimento, a insatisfação vai se acumulando e complicando-se cada vez mais. Isso não é triste?
Por mais que os pais pensem no futuro de seus filhos, não significa que suas crianças irão compreender o verdadeiro significado de seus esforços.
Por isso, no mínimo, vamos nos esforçar em transmitir o ensinamento para os jovens, os quais possuem um espírito ainda maleável, fazendo com que compreendam bem o significado e o valor deste caminho. É importante guiá-los para que possam lidar com a insatisfação em seu espírito.
Porém, na realidade, ter uma conversa séria de pai para filho sobre a religião não é algo tão simples assim.  Por isso, desejo que um grande número de jovens participe dos cursos da Sede, como o Curso de Formação para os Sucessores do Caminho e o Curso Estudantil, pois aí eles têm a oportunidade de se encontrar com semelhantes de sua mesma geração.
O Curso Estudantil e o Encontro para Formação Espiritual da Sede, entre outros, são cursos que se utilizam de diversos métodos de “workgroup” a fim de fazer os participantes compartilharem de suas ideias e pensamentos para então poder discutir e refletir a respeito do próprio passado e presente. É neste momento que escutamos diversas “insatisfações” que os participantes carregam. No caso dos jovens ligados à igreja, os problemas, em geral, estão relacionados aos pais ou à igreja. Porém, estando em um ambiente onde escutamos os problemas uns dos outros, ficamos mais tranquilos quando percebemos que há outras pessoas com as mesmas experiências. Chegamos até a mudar o nosso modo de pensar quando vemos outras pessoas vendo de forma positiva aquilo que tínhamos como insatisfação, como por exemplo, algo que foi dito por nossos pais. E é nesse momento que percebemos o real significado da intenção deles em nos instruir.
Acredito que as pessoas não se afastam do caminho por detestar o ensinamento. Elas simplesmente acumulam um pouco de insatisfação por não compreender a intenção dos pais e/ou o verdadeiro valor desta fé. Por isso, penso que transmitir o ensinamento e a intenção de Deus Parens é fundamental.
Primeiramente, devemos fazer conhecer o ensinamento. Após isso, o mais importante é guiar a pessoa para que ela passe a gostar do ensinamento.
Por ora, o que nós, adultos, podemos fazer é convidar os jovens a participarem de cursos como o “Curso de Formação para os Sucessores do Caminho” e o “Curso Estudantil”, e dar-lhes a oportunidade de “mudar o espírito”.
Acredito que não haja muitos jovens que sejam indiferentes ao pedido insistente dos pais para participarem do Curso Estudantil ou irem escutar o Besseki.
É claro que, por diversas razões, há muitos casos em que elas não correspondem ao pedido dos pais. No entanto, tenho certeza de que o sentimento de que “em algum momento terei que ir” irá permanecer gravado em seu interior. O resto fica por conta do “tempo” e da “oportunidade”, ou seja, é uma questão de “momento”. Por ora, o importante é convidar insistentemente e fazê-los escutar a intenção dos pais e esperar, sem se irritar ou culpar alguém, até que o momento oportuno chegue.
Por fim, em cursos da Sede, como o “Curso de Formação para os Sucessores do Caminho”, o que mais me surpreende e me deixa maravilhado é a sinceridade dos encarregados em cuidar dos participantes. Os selecionados para professores e encarregados são grandes fiéis de suas igrejas. Além disso, são pessoas extremamente esforçadas que anteriormente já participaram várias vezes de treinamentos preparatórios. Mesmo que pensemos em fazer a mesma coisa em nossa Igreja mor Heishin, seria algo impossível. Por isso, não há como deixar passar uma chance maravilhosa como essa. Certamente, o espírito sincero dos professores, encarregados e colegas tocará o coração dos jovens e fará com que mudem sua mente e espírito.
Espero que os senhores convidem várias e várias vezes, sem desistir, para que o maior número de pessoas possa participar do “Curso de Formação para os Sucessores do Caminho”.
Está soprando o vento da formação e do desenvolvimento. Por isso, senhoras e senhores, conto com o esforço de todos vocês.




[1] Trocadilho do nome, que acaba por se tornar um xingamento, um apelido de mau gosto, pois “kechi” significa “mesquinho”.


Rev. Yoshimassa Shimizu, Condutor da Igreja Mor Heishin.

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