Coluna Kaze –
outubro de 2017
Certa pessoa me
disse uma vez que o “reconhecimento da própria predestinação” é algo difícil.
Em relação à
predestinação, todos recebemos de Deus a liberdade do uso espiritual e, por
isso, através de vários renascimentos e retornamentos, fomos acumulando até
hoje tanto sementes boas quanto más.
Fazer mau uso
espiritual pensando apenas em si, o que vai contra o desejo de Deus Parens pela
vida plena de alegria e felicidade, é plantar a semente dos males. Desta
semente, sairão raízes rígidas e teimosas que continuam a nascer mesmo que a
cortemos. Isto obstruirá o nascimento das sementes da alegria, acarretando o
surgimento de uma predestinação problemática. Pode-se dizer que os vícios ou
maus hábitos das pessoas têm em parte o mesmo significado.
Então, se o
plantio das más sementes se acumular demais, estará se afastando cada vez mais da
vida plena de alegria e felicidade que Deus Parens tanto deseja.
Isto é um grande
problema. Por isso, Deus Parens nos incentiva a mudarmos o espírito, a renovarmos
o nosso uso espiritual e a retirarmos as más sementes que foram plantadas.
Portanto, é
desejável que, em todas as ocasiões, as pessoas reflitam que, apesar da mente não
se lembrar, se voltar ao passado (ou vida anterior), certamente será encontrada
uma razão para aquilo que ocorre na própria volta, e se este motivo for uma má
predestinação, o esforço para renovar o espírito torna-se indispensável. Porém,
obviamente, não é fácil reconhecer algo de que não temos memória, por mais que
nos digam para fazê-lo. E a autorreflexão torna-se ainda mais difícil quando
somos afetados por alguma doença ou algum problema circunstancial, que são os nós.
Contudo, apenas
a predestinação de que “as dívidas se acumulam” é uma verdade que se aplica a
todas as pessoas do mundo.
É uma interpretação
minha, mas acredito que Deus Parens, por ser o nosso parens verdadeiro, sempre
deseja conceder as graças a todos os seus filhos, como sempre vem fazendo.
Entretanto, pelo fato de o recipiente de nossa alma estar rachado ou quebrado,
acabamos derramando-as e não conseguimos receber por completo as providências
que poderíamos receber de Deus. No Ofudessaki temos:
Se as dívidas se
acumularem gradualmente,
após haverá um
caminho semelhante ao dos bois e cavalos. Of. VIII-54
Foi-nos dada a
liberdade de usarmos o espírito livremente. Porém, em algumas vezes, até isso não
conseguimos. Neste caso, não há como atingir a vida plena de alegria e
felicidade. Pois então, por que as dívidas se acumulam?
Isto acontece
quando não se reconhece as graças. Desde o início da criação do mundo e da humanidade
até a atualidade, recebemos muitas graças divinas e amor parental que nem podemos
imaginar. São realmente grandes graças. Em relação a essas graças, quantas
pessoas existem nesse mundo que realmente sentem as graças e todos os dias e
agradecem e praticam a retribuição?
Ainda, com o
abrupto avanço da ciência nessas últimas décadas, a vida tornou-se muito mais prática.
Em contrapartida, a quantidade de pessoas que agradecem a Deus pelas grandes
graças vêm diminuindo radicalmente. Pior que isso, a quantidade de pessoas que
agem como se estivessem “cuspindo para cima” vêm aumentando.
Por Deus Parens
ser o verdadeiro parens, Ele não pune seus filhos. Porém, se agir de maneira qualquer,
as dívidas se acumularão e o recipiente da alma que recebe as graças se
danificará ao ponto de não mais conseguir receber as providências de Deus
suficientemente.
Mais
especificamente, o que acontece quando as dívidas se acumulam? Isso eu não
saberia responder, porém, consigo ter uma pequena noção se der uma olhada no
mundo de até agora.
Portanto, espero
que pelo menos nós, fiéis, tenhamos a consciência de que as “dívidas se acumulam”
e, com isso, pratiquemos o ensinamento do “acordar cedo, ser honesto e
trabalhador”, pois este é o caminho para as dívidas não se acumularem.
Ainda, se
receber um nó, como doença ou problema circunstancial, tenha como base de sua reflexão
que as dívidas estão acumuladas e, assim, se desculpe com Deus Parens por ter
lhe causado oyafuko, ou preocupação. Com isso, acredito que conseguirá ter uma boa
reflexão.
Oyafuko significa não se
importar com o amor dos pais, pensar que o que ganha deles é algo trivial,
ignorar seus sentimentos, esperar ganhar demais deles e fazê-los se preocupar
por sua causa.
Talvez sejam
poucas as pessoas que desrespeitam aqueles que lhes deram à luz, porém, como é
em relação a Deus Parens e Oyassama? Será que todos respeitam a Deus Parens e Oyassama
como deveriam?
Sei que é difícil
reconhecer a própria predestinação, porém, reconhecer o desrespeito a Deus Parens
e Oyassama
não
é algo tão complicado assim.
Daqui para
frente, vamos nos conscientizar sobre a dedicação a Deus Parens e Oyassama e rumar juntos
para o caminho da evolução espiritual.
Muito obrigado.
Rev. Yoshimassa Shimizu, Condutor da Igreja
Mor Heishin.
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